Saneamento para todos foi tema da V Conferência Latinoamericana de Saneamento, que aconteceu nos dias 1º a 3 de abril na Costa Rica. O evento reuniu mais de 1.300 pessoas de 30 países para discutir o tema. Carlos Chernicharo e César Mota, integrantes do INCT ETEs Sustentáveis, estiveram presentes e falaram sobre o papel da tecnologia e da inovação no meio ambiente e na infraestrutura.

Saneamento básico é debatido por integrantes do INCT
Integrantes do INCT ETEs Sustentáveis participam do LatinoSan.

Atualmente, 14,3 milhões de pessoas realizam suas necessidades básicas ao ar livre e outros 17,5 milhões utilizam latrinas simples na América Latina e Caribe. Isso indica que 4,9% da população latinoamericana e caribenha possui dificuldade para acessar instalações adequadas de saneamento básico e que apenas 51,8% da população possui acesso a esse serviço. No Brasil, mais da metade dos municípios não possuíam plano de saneamento em 2017.

Desafios para o saneamento

Dos 8 Objetivos do Milênio propostos pela ONU na virada do século, o único que o Brasil não conseguiu cumprir foi justamente o de duplicar a população com atendimento adequado de esgoto até 2015 (tomando como base os números de 1990). Na conferência Rio+20, realizada em 2012, foram definidos os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dentre eles, destaca-se o sexto, que visa garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos. O item 6.1, uma das metas associadas a este ODS, trata justamente da universalização do tratamento adequado de esgoto até 2030.

Na América Latina, ainda que a universalização do saneamento não seja uma realidade, o número de pessoas atendidas vem crescendo. Segundo Informe Regional, 72,9% da população já possui acesso à água potável de maneira segura, porém ainda persiste 2,2% com dificuldade no acesso.

As dificuldades de saneamento representam um desafio para o meio ambiente, pois estima-se que cerca de 70% do esgoto da América Latina são despejados em rios, lagos e mares sem tratamento adequado..

O futuro do saneamento

Um dos objetivos das Conferências Latino Americanas de Saneamento, que acontecem de três em três anos, é justamente discutir soluções para problemas enfrentados pelos países da região. O evento reúne representantes do governo desses países, especialistas, empresários e estudiosos e propõem medidas para o abastecimento, acesso e tratamento de água e esgoto.

Saneamento basico na América Latina
73% da população Latina Americana tem acesso à água potável, mas ainda persiste 2% com dificuldades no acesso.

O INCT ETEs Sustentáveis contribuiu com as discussões ao divulgar suas experiências e conhecimento no tratamento de esgoto. O papel da tecnologia e da inovação, bem como o uso de alternativas sustentáveis como resposta aos desafios observados no setor de saneamento, foram tratados no evento.

A falta de saneamento básico ainda é a causa de epidemias no Brasil como a dengue e a febre amarela. Por isso, é de suma importância aprimorar os métodos e ampliar o acesso ao saneamento.

Durante o evento ministros, vice-ministros e presidentes executivos de água potável e saneamento em 19 países da América Latina e do Caribe assinaram a Declaração de San José. O documento estabelece a vontade dos países de aumentar o orçamento para esse setor, com vistas ao cumprimento dos ODS, além de promover o ajuste de políticas nacionais e marcos regulatórios para esse fim.

Internacionalização dos conhecimentos

Após a realização da Conferência Latina Americana ocorreu nos dias 4 e 5 de abril, também na Costa Rica, o Fórum Técnico. O evento internacionalizou discussões e conhecimentos sobre o UASB (reator utilizado no tratamento de esgoto) desenvolvidos pelo INCT. Em 2018, o I Primeiro Fórum Técnico foi realizado em Belo Horizonte e agora teve a primeira oportunidade de alcançar outro país.

Durante o Fórum foram discutidas cinco notas técnicas, que já foram publicadas na Revista DAE. Dentre as temáticas estavam o tratamento, bombeamento e distribuição de vazão; gerenciamento de lodo e escuma; controle de corrosão e emissões gasosas; biogás e emissões fugitivas; e qualidade do efluente.

O Fórum teve aprovação de 97% dos participantes e atendeu a expectativa de 79% deles. Por mais que a realidade de cada país seja diferente, 73% dos participantes consideram aplicáveis os conhecimentos obtidos durante o Fórum. A iniciativa faz parte de um esforço do INCT de internacionalização e divulgação científica.