O 1º Fórum Técnico sobre aprimoramento de projetos, construção e operação em reatores UASB para tratamento de esgoto reuniu, nos dias 29 e 30 de novembro de 2018, engenheiros e técnicos de Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), além de estudantes de engenharia.
Baseada na decomposição anaeróbia da matéria orgânica, o reator UASB é uma tecnologia de tratamento biológico de esgotos. No Brasil, o uso desses reatores para o tratamento de esgoto surgiu na década de 1980, quando se iniciaram projetos de grupos de pesquisas nacionais e de engenheiros atuantes no setor.
Hoje, existem no Brasil 900 reatores UASB. Entre eles, mais de 200 estão concentrados em Minas Gerais, segundo a presidente da Copasa, engenheira civil Sinara Inácio Meireles Chenna. “A maior estação de tratamento de esgoto da América Latina que utiliza a tecnologia UASB é a ETE Onça, que está aqui em Belo Horizonte. A Copasa está acompanhando permanentemente o desenvolvimento e os desdobramentos desta tecnologia que tem custos compatíveis com a realidade da Companhia”, ressaltou.
De acordo com o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) ETEs Sustentáveis, engenheiro civil e sanitarista Carlos Augusto Lemos Chernicharo, cerca de 40% das ETEs localizadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste do Brasil empregam reatores UASB, o que coloca o país como o maior parque de reatores anaeróbios do mundo. Para ele, muitas são as vantagens de usar esta tecnologia. “Os benefícios são a redução de custos de construção e operação das estações e a geração de energia com o tratamento de esgoto, transformando a energia química em biogás, que pode ser utilizado em veículos ou gerar eletricidade”, destacou.
Apesar das vantagens, existem algumas dificuldades enfrentadas pelas estações de tratamento esta tecnologia. Segundo a pesquisadora do INCT ETEs Sustentáveis, Lívia Cristina da Silva, muitos problemas estão relacionados à necessidade de adequação de projeto, má operação ou falta de suporte ao funcionamento das estações. A pesquisadora acrescenta que para o melhor aproveitamento do uso dos reatores UASB é fundamental o adequado tratamento preliminar do esgoto. “Este tratamento impedirá a passagem de sólidos grosseiros, evitando assim obstruções e redução de acúmulo de areia no fundo dos reatores”, afirmou.
As emissões gasosas do processo anaeróbio e o controle das corrosões foram outro assunto discutido no Fórum. Segundo o professor adjunto do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Emanuel Manfred Freire Brandt, as emissões gasosas fugitivas, que são de difícil controle e afetam a qualidade do ar, são inerentes ao uso dos reatores UASB podendo causar corrosões nos equipamentos. Ele explica as soluçoes para este problema. “As técnicas envolvem ações preventivas no projeto e operação das estações e também corretivas, visando a contenção, exaustão e tratamento desses gases. Ainda deve ser considerado o uso de materiais construtivos adequados que é de fundamental importância para o controle da corrosão e durabilidade”, enfatizou.
Segundo o professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, Cláudio Leite de Souza, os gases fugitivos gerados no processo anaeróbio são o sulfeto de hidrogênio e o metano. “O sulfeto de hidrogênio é tóxico e possui mau odor. Já o metano é explosivo e o causador do efeito estufa. Logo, para garantir a saúde dos trabalhadores e moradores do entorno das ETEs é fundamental a adoção de medidas preventivas, como adequada coleta, condução e tratamento do biogás produzido no reator UASB”, explicou.
Ao final do evento, foram resgatados e debatidos os principais pontos críticos de projeto, construção e operação de reatores UASB, visando a melhoria de desempenho de ETEs que empregam a tecnologia anaeróbia. Todos os temas discutidos também estão publicados na Revista DAE, uma coletânea de notas técnicas apresentadas pelos palestrantes. Ela será distribuída a órgãos públicos e privados que atuam neste segmento da engenharia.
Fonte: CREA/MG