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Este ano a Família esteve constantemente na pauta e nos debates políticos. Seja para livrá-la de ideias que tensionam sua estrutura, ou para defender uma autonomia única e irrestrita dos pais na educação, políticos e formadores de opinião vieram a público em nome da Família.
É certo que essa pauta não é inédita, há vários anos a preocupação, em maior ou menor grau, em manter e proteger o núcleo familiar está em voga. O problema, entretanto, é que muitas vezes a “defesa da família” segue mais as pautas morais e esquecem questões que realmente podem desestruturá-la.
Uma dessas questões negligenciadas no debate posto é justamente o saneamento. O texto do blog de hoje reflete sobre como as políticas que promovem o saneamento universal trazem em si uma defesa da família e merecem ser mais efetivadas. Continue a leitura e entenda.
Estrutura familiar
Inevitavelmente quando pensamos em família lembramos exatamente da nossa. Às vezes essa lembrança pode nos angustiar, quando temos um relacionamento um pouco conturbado com nossos parentes, ou se algum deles já não está mais entre nós. Essa angustia vem porque imaginamos que família deve ser um pai, uma mãe e os filhos. Avós, tios e primos também podem entrar na lista, mas o mais forte é pai, mãe, irmãos e filhos.
Acontece que muitas vezes o que a família deve ser é impossível de alcançar, por motivos que pouco controlamos. Não podemos mudar as atitudes, escolhas e orientações de nossos parentes, muito menos circunstâncias e contexto em que nossas famílias estão inseridas.
Assim, é comum escutar que uma “família está desestruturada”, sempre culpabilizando seus membros, mas as famílias se estruturam como podem e conflitos e desentendimentos são inevitáveis. Uma mãe-solo procura ocupar o lugar do pai, irmãos órfãos se consolam e se apoiam, filhos tentam conseguir uma renda extra, entre outros exemplos.
O fato é que, ao dizer como uma família deveria ser, é gerado mais problemas do que soluções. Afinal, famílias perfeitas só são encontradas em comerciais de margarina. E isso não quer dizer que valores devem ser abandonados, mas a base de toda relação deve ser o respeito. Essa seção desse texto então é para dizer que estamos baseando em todos os tipos de família, independente de sua estrutura. E quando dizemos que alguns problemas socioambientais são capazes de desestruturar a família, estamos dizendo justamente que eles inserem outras problemáticas na relação entre os membros. Siga a leitura e entenda.
Falta de saneamento desestrutura famílias
Imagine uma família que não possui acesso a água potável e ao esgotamento sanitário. Todos os dias algum de seus membros precisa pegar água para suprir as necessidades da família. Por não terem acesso ao saneamento básico, constantemente alguém dessa família está doente.
Infelizmente esse não é um caso hipotético. Em Minas Gerais, por exemplo, a quantidade de famílias que possuem acesso a água e ao saneamento básico diminuiu nos últimos 10 anos. De 2010 para 2017, 1,2 milhões de pessoas deixaram de ter acesso água tratada em casa.
A falta de água tratada impacta no desenvolvimento humano, uma vez que ao não possuir água as pessoas possuem menos tempo para desenvolveremoutras atividades como trabalhar e estudar, o que as mantém em um ciclo de pobreza. Infelizmente a falta desses serviços não são distribuídos de forma igualitária, são justamente famílias mais vulneráveis que são negligenciadas.
Nesse sentido, a falta de água e esgoto impacta muito mais na formação das crianças e na própria relação familiar do que questões de gênero e cultura africana, combatida por movimentos pró-Família, como o Escola Sem Partido. Vai ser a falta de saneamento que impedirá que pais brinquem com os filhos, que eles tenham tempo para educá-los e discutir seus valores. Isso porque os pais ou os filhos ficam constantemente doentes (das chamadas doenças do subdesenvolvimento), ou precisam de buscar água, dispor os esgotos e os resíduos, dentre outros, gastando-se um tempo útil com essas questões que no caso são grandes problemas diários.
Com o saneamento universal as pessoas terão mais tempo para aproveitarem em família. Por isso, o saneamento deve ser pensando como um direito das famílias. Continue a leitura e entenda mais sobre o direito das famílias.
Saneamento como direito das famílias
Em 2010 o Brasil foi signatário da resolução da ONU que define a água e o saneamento básico como direitos humanos. Isso significa que esses serviços deveriam ser universais, não apenas para aqueles que conseguem pagar por eles. Como já falamos são justamente as famílias mais vulneráveis aquelas que não possuem acesso a esses serviços, o que reforça preconceitos e desigualdades.
Ser signatário da resolução da ONU, então,não tem garantido no País a universalização do saneamento. Os motivos para a falta de saneamento são diversos. No Brasil, segundo estudos realizados pela UnB para a Oxfam, menos de 1% dos proprietários agrícolas possui 45% da área rural do País. Esta concentração de terra, iniciada nos idos da década de 1960, aliada com o aumento da mecanização do campo,tem obrigado as famílias a buscar melhores oportunidades nas cidades, inviabilizando um planejamento urbano a médio e longo prazo. As cidades, assim, não conseguem comportar todo esse volume populacional que recebem e com isso começam a crescer as habitações informais, nos locais disponíveis, em geral morros e nas margens dos cursos d’água.
O poder público negligencia, então, essas populações não garantindo a elas o acesso a água tratada e ao esgotamento sanitário. Nesse sentido o Estado brasileiro é um grande violador dos direitos humanos e, ao mesmo tempo, violador dos próprios direitos das famílias.
Vale ressaltar, entretanto, que a falta de saneamento, por mais que impacte mais fortemente as famílias mais vulneráveis, não se restringe a elas. A dengue, por exemplo, é uma doença que poderia ter menos incidências caso o saneamento fosse universalizado, já que dessa forma reduziriam os locais de proliferação do mosquito vetor da doença. Afinal o Aedes Aegypti, assim como outros vetores de doenças ligadas ao saneamento, não escolhe quem irá picar de acordo com classe social e se distribui por todo o território.
Apesar do SANEAMENTO SER UM DIREITO DE TODOS E UM DEVER DO ESTADO, a falta de ação por parte do poder público na proposição de medidas para o saneamento, leva a essas famílias como única opção a auto-gestão. No próximo domingo, às 19h, no nosso IGTV e Facebook falaremos sobre esse tema. Siga nossas redes sociais e acompanhe nossos conteúdos.
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No texto do blog dessa semana falamos da importância do saneamento, um direito humano garantido pela ONU, para a defesa da família. Hoje, @marise_daniele fala sobre a autogestão, uma solução que famílias recorrem quando seus direitos são violados. Assista ao vídeo. Leia também o texto no nosso blog 📲etes-sustentaveis.org/?p=4087 Informe-se sobre a cobertura de água e esgoto e política de saneamento no vídeo: ▶ http://bit.ly/2QTmCob E veja a relação entre Saneamento e Direitos Humanos: ▶ http://bit.ly/379Y28e . . . #familia #saneamento #defesadafamilia #engenhariaambiental #engenharia #meioambiente #sustentabilidade</a></p> <p style=" color:#c9c8cd; font-family:Arial,sans-serif; font-size:14px; line-height:17px; margin-bottom:0; margin-top:8px; overflow:hidden; padding:8px 0 7px; text-align:center; text-overflow:ellipsis; white-space:nowrap;">Uma publicação compartilhada por <a href="https://www.instagram.com/etessustentaveis/?utm_source=ig_embed&amp;utm_campaign=loading" style=" color:#c9c8cd; font-family:Arial,sans-serif; font-size:14px; font-style:normal; font-weight:normal; line-height:17px;" target="_blank"> INCT ETEs Sustentáveis</a> (@etessustentaveis) em <time style=" font-family:Arial,sans-serif; font-size:14px; line-height:17px;" datetime="2019-12-08T22:01:17+00:00">8 de Dez, 2019 às 2:01 PST</time></p></div></blockquote> <script async src="//www.instagram.com/embed.js"></script>[/fusion_code][/fusion_builder_column][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]