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Se você escova os dentes todos os dias, lava as mãos quando chega da rua e até dá descarga depois de usar o banheiro, agradeça aos profissionais da educação sanitária, que difundiram essa prática pelo Brasil. É difícil de acreditar, mas nem sempre foi assim. Já houve um tempo em que as pessoas jogavam suas fezes e urinas pela janela e havia pouca preocupação em deixar os ambientes limpos.
O médico sanitarista Oswaldo Cruz foi um dos responsáveis por difundir práticas higienistas pelo Brasil. Famoso pela Revolta da Vacina, movimento ocorrido no Rio de Janeiro no século XX como um grande protesto à vacinação em massa, o médico foi um pioneiro no estudo de doenças tropicais e da medicina experimental brasileira.
Hoje, para comemorar o dia do(a) educador(a) sanitário conversamos com a Izabel Chiodi, engenheira civil e especialista em saúde pública, integrante do INCT ETEs Sustentáveis que tem muito para dividir com a gente sobre esse tema. Confira:
1) Em que consiste a área da educação sanitária?
A área de educação sanitária, historicamente, é uma área que foi perdendo e mudando o nome e o valor. Ela começou no meio do século passado, nos idos de 1940/1950, por influência norte-americana. Eles tinham lá um trabalho na comunidade. Isso veio para nós com um olhar de uma educação em que você, o profissional da área, sabe tudo e que o povo, não sabe nada. A figura da educação sanitária, então, parte de um princípio equivocado. Mas ao longo do tempo, ela foi se transformando em uma educação em saúde, uma educação para a saúde. Até que surgiu a questão ambiental. Percebeu-se que a área sanitária abrangia não só a questão da saúde humana, das populações, dos indivíduos, mas também a questão ambiental, que extrapola os indivíduos.
2) Qual é a importância da área no contexto atual Brasileiro?
No contexto brasileiro é totalmente importante. Porque nós ainda estamos vivendo coisas parecidas com os idos de 1850 na Inglaterra. Que é o quê? Somente a metade da nossa população tem coleta de esgoto. Desse esgoto que eu coleto, eu trato 70%. Então em números, por exemplo, na questão do esgotamento sanitário, eu tenho 100 milhões de pessoas que não tem nem coleta de esgoto. De todo esgoto que a gente gera no Brasil, a gente trata 30%. Logo, é uma área ainda muito a trabalhar no nosso país, e a falta de saneamento expõe as desigualdades do Brasil.
Eu estou falando de esgoto, porque é o que a gente trabalha aqui no INCT [Etes Sustentáveis], basicamente, aqui o nosso foco é o esgoto. Mas ele está ligado a água que você recebe, e a água que você vai ofertar mais lá na frente. A velha história da onça que chega primeiro bebe água limpa. Então, eu, cidade grande, poluo o rio, que, por sua vez, mais a jusante dessa cidade grande vai alimentar outras cidades e, às vezes, até sem tratamento de água.
Temos ainda, a questão das águas pluviais, as águas de chuva. Elas inundam e nos mostram como nossas cidades são frágeis, a cada chuva forte, que de repente cai nas nossas grandes e belas cidades.
Sem falar das questões dos resíduos sólidos, que a gente chama de lixo. Para nós, ainda, tudo é lixo. Na verdade não é lixo. Muita coisa poderia e deveria ser reciclada, reaproveitada. Nós precisamos reduzir o nosso consumo.
3) Qual é a relação do tratamento de esgoto com a área da saúde?
Bom, o esgoto traz com ele as chamadas doenças feco-orais. Doenças que saem através das fezes e passa através da boca, da mão, ou de alimentos contaminados, para quem estava sadio(a). Então, a principal relação é a transmissão de doenças.
Doenças essas que, em países mais desenvolvidos, já desapareceram até dos compêndios de medicina, só tem lá citando. Aqui no Brasil, e em muitos países ainda, continuam matando. Por exemplo: diarreia.
Uma diarreia para pessoas bem nutridas, com condições mínimas de higiene e saneamento, é só uma dor de barriga forte. Contudo, para a maioria do povo brasileiro que ainda é muito pobre e está muito longe das condições ideais de saneamento e de higiene, uma diarreia pode matar. Aqui ainda temos milhões de casos de diarreia, e milhares de mortes de crianças com até 5 anos. Uma coisa que já deveríamos ter ultrapassado.
Outra doença que é ligada ao esgoto e que é ainda é muito reincidente no nosso país, é a esquistossomose, que a gente chama de xistose. Ela é uma doença silenciosa que você contrai nesse mesmo ciclo: fezes, pele, no caso da esquistossomose é a pele, ou as mucosas. Só que ela vai para o fígado, e por ser silenciosa quando ela aparece, às vezes, você não tem mais o que fazer.
Eu peguei as doenças mais básicas. Verme, que causa diarreias e a esquistossomose. Agora, você tem hoje outros problemas que estão aparecendo e que a gente ainda nem sabe como lidar com eles. Por exemplo: a questão do excesso de hormônio, de excesso de medicamento, que a gente não sabe qual o mal que isso vai trazer para nós.
Outro problema, que vale a pena colocar: quando você não coleta esgoto, você pode ter também esgoto industrial. Então você pode levar para a água, que depois as pessoas irão beber, metais pesados, como cromo, mercúrio, chumbo e que no nosso tratamento de água a gente não trata. Bebemos uma água que acreditamos estar ótima e acumulamos no nosso organismo esses metais pesados, podendo gerar doenças mais complexas, como o próprio câncer e doenças do sistema nervoso central.
Então tem uma liga total da água, da coleta de esgoto, da coleta de resíduos, das águas de chuva, que vão para drenagem nas áreas urbanas, que podem ser símbolo de saúde ou símbolo de doença.
4) Você tem alguma consideração final sobre a problemática gerada pela ausência de saneamento?
Os principais problemas dos nossos rios não estão nos rios, estão fora dos rios. Nós temos três problemas centrais: lixo, esgoto e terra, porque a gente ocupa as terras de maneira desordenada, então levamos muita terra, areia, resto de construção, um monte de coisa, para os rios. E com isso, nós estamos destruindo os nossos rios e destruir os nossos rios é destruir a única coisa que nós precisamos de fato, que chama: água. Se não tiver água, a espécie humana não sobrevive.
Nossa conversa não para por aqui. No domingo a Izabel Chiodi vai falar sobre o futuro da educação sanitária no IGTV e na nossa página do Facebook. Acompanhe nossas redes sociais e fique por dentro.
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